Other Category

hhh

Nova edição do Comunica PET!

Edição especial da Semana da Comunicação 2013

Premiação do Intercom Manaus

Unesp de Bauru ganha prêmios em categorias de produtos no Intercom 2013

Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental

Mais uma parceria inédita na Secom 2013

Parceria entre Secom e interdesigners

Dois eventos terão atividades conjuntas durante a Semana da Comunicação 2013

Projeto Morrinho

Projeto dismistifica a visão da favela como um lugar somente de violência através de ações culturais

31 de maio de 2012

Cultura e economia em debate

Mesa-redonda do FIAA promove discussões sobre o atual modo de produção cultural
ACI/Faac


A terceira noite do Fórum Ibero-Americano de Audiovisual e Arranjos Produtivos (FIAA) foi marcada pela mesa-redonda com o tema “Economia Política da Produção Cultural”. Os convidados para o debate foram a socióloga argentina Stella Puente, o poeta e cineasta Donny Correia e o professor da FAAC Francisco Machado.


Quem iniciou a discussão foi Stella Puente, que focou sua fala no impacto das novas tecnologias da indústria da música: “Com a digitalização dos conteúdos e o surgimento das novas tecnologias, a indústria dos bens culturais teve seu paradigma amplamente modificado, tanto na produção, quanto no consumo e no modelo de negócios”, explica a socióloga. Stella também falou sobre a “Lei dos Médios”, criada recentemente na Argentina, que aumenta a democratização no acesso e produção dos meios.

Em seguida, Donny Correia falou sobre o novo modelo de organização social e as dificuldades no investimento na cultura: “Um dos grandes problemas relacionados aos espaços culturais é o aporte de verba que será destinado para cada local. Isso é minimizado pela Lei de Incentivo à Cultura, mas ainda é um grande empecilho”, afirma Donny.

Já Francisco Machado abordou a TV digital sob diferentes aspectos. Primeiramente, o professor usou slides para mostrar as novas tecnologias de transmissão de conteúdos. Depois, ele explicou os impactos da digitalização e o posicionamento das emissoras diante dessa mudança: “Os canais de TV vão se preocupar muito mais com a qualidade da imagem do que com o conteúdo jornalístico produzido”, alerta o professor. Ao fim das exposições, os ouvintes presentes na sala 1 puderam tirar suas dúvidas e debater com os convidados. O FIAA continua sua programação com palestras, mesas-redondas e bate-papo até o dia 1º de junho.

Incubação de projetos ganha destaque em workshop

O jornalista Valdir Alvares ressaltou a importância da incubação na elaboração de projetos relacionados à cultura
ACI/Faac

Ocorreu hoje durante o FIAA, o Workshop “Incubação de Projetos no Desenvolvimento da Economia Criativa”, liderado pelo jornalista e Diretor de Programas Culturais da Secretaria de Cultura, Valdir Grandini Álvares. Incubação trata-se do planejamento e preparação de um projeto, e na área da cultura, essa prática tem crescido bastante com inúmeros editais. Valdir também foi secretário de cultura da prefeitura de Londrina, e falou um pouco de sua experiência no cargo, no qual visitou com muita freqüência comunidades carentes e favelas para orientar os projetos culturais rumo a aprovação para a lei de incentivo. Para ele deve se ter cuidado ao lidar com esses tipos de projetos, e não tentar impor e nem fiscalizar muito. “É necessária ter uma relação de confiança com os artistas”, completa.

A lei de incentivo a cultura, criada em 1994 obteve uma adesão progressiva ao longo dos anos, com 256 projetos inscritos dois anos depois, número recorde, que foi batido de 2001 a 2002, com 406 projetos. E a verba que era de R$ 1,2 milhões dobrou para R$ 2,5 milhões no segundo ano.

Valdir ressalta que em Bauru falta uma mediação e melhor divulgação para implementar o projeto de incubação de projetos culturais. Ele também acredita que é possível uma parceria entre a universidade com a secretaria de cultura da cidade, para criar uma Incubadora, que pode funcionar como projeto de extensão. Para o jornalista é preciso que se discuta qualquer tipo de idéia, mesmo que ela pareça inviável: “Nenhuma idéia não pode ser aproveitada, é necessário ter um tratamento delicado para cada projeto que você vai lidar e orientar o interessado para que a chance de aprovação seja a maior possível”, frisa.

Crise no cinema espanhol

Segundo dia do FIAA traz mostra de cinema espanhol e debate sobre o tema
ACI/Faac

O segundo dia do Fórum Ibero-Americano de Audiovisual e Arranjos Produtivos (FIAA), teve como parte de sua programação uma mostra de cinema espanhol, com a exibição dos curtas-metragens “Um perro andaluz” (direção de Luis Buñuel), “La concejala antropófaga” (de Pedro Almodóvar) e “Mirindas Asesinas” (direção de Alex de La Iglesia). Os convidados para debater sobre cinema espanhol foram o cineasta e poeta Donny Correa e o professor Francisco Caballero, da Universidad de Sevilla. A discussão foi mediada pelo professor da FAAC, João Eduardo Hidalgo.

A mostra começou com Hidalgo expondo uma breve história do cinema espanhol. Depois, o professor explicou que a Espanha passa por uma crise na área cinematográfica, a qual acompanha a crise econômica europeia, tendo, dessa forma, menos recursos para produzir filmes. Após essa pequena introdução, foram exibidos os três curtas-metragens espanhóis e “Totem”, curta-metragem do cineasta Donny Correia. Em seguida, deu-se início ao debate entre os convidados e a plateia.

Francisco Caballero explicou que o cinema foi interrompido na Espanha, pois o país não soube lidar com a crise econômica que o atinge, ao contrário de nações latino-americanas. “O cinema brasileiro e argentino está crescendo, pois esses países souberam lidar e produzir dentro de crises. A Espanha, por outro lado, produz cada vez menos obras cinematográficas”, esclarece Caballero. Além disso, o professor comentou sobre a dificuldade de comercializar obras espanholas, como de Almodóvar, dentro do próprio país, uma vez que a população espanhola está cada vez mais adaptada a assistir produções norte-americanas. 

O professor João Eduardo Hidalgo alertou para o fato de que os brasileiros não conhecem filmes espanhóis, assim como a população espanhola não é acostumada com o cinema brasileiro. “Até poucos anos atrás, os filmes estrangeiros tinham que ser dublados para entrar na Espanha. Esse é um dos motivos para o pouco conhecimento dos espanhóis em relação ao cinema brasileiro”, explica Hidalgo. Outro ponto destacado pelo professor da FAAC é o fato de que atualmente o cinema brasileiro não necessita de grandes cenários e efeitos visuais grandiosos, basta ter uma boa ideia para se produzir um filme. 

Por fim, Donny Correia falou um pouco sobre cinema brasileiro, criticando o constante uso da temática de favelas nas produções nacionais. Além disso, afirmou que o Brasil passa por uma crise de criatividade para criar histórias. “No Brasil sofremos uma crise de roteiro. Temos dinheiro pra produzir, ótimos atores, boa estética, mas não temos roteiro para criar boas narrativas”.

30 de maio de 2012

Trabalho de incubadora é apresentado no FIAA

Da Redação SICOM PET,  
por Gabriela Ferri


Ontem a tarde os inscritos no FIAA 2012 tiveram a oportunidade de participar da oficina "Incubadora de Cooperativas Populares (INCOP) e a Economia Solidária".

A conversa que durou das 14h as 18h foi um grande incentivo para quem se interessa pelo assunto e pretende trabalhar na área. Para aqueles que não puderam participar, fica a oportunidade de dar uma olhada no álbum do evento.




28 de maio de 2012

Entrevista para a Rádio Unesp FM

Da Redação SICOM PET

Os professores Antonio Francisco Magnoni e Juarez Xavier da Unesp de Bauru participaram hoje pela manhã do quadro Entrevista do Dia, na Rádio Unesp FM. Há algumas horas do inicio do I Fórum Ibero-Americano de Audiovisual e Arranjos Produtivos (FIAA) os coordenadores do evento falaram um pouco mais do esperam e quais os principais objetivos do evento.
No podcast abaixo você confere um pouco mais sobre Audiovisual e Arranjos Produtivos.




O fórum começa hoje as 19 horas e as inscrições ainda podem ser realizadas na entrada. Mais informações pelo email fiaa2012@faac.unesp.br 

27 de maio de 2012

Prostituição em Bauru é vista como “doença social”, afirma jornalista

No Brasil, assunto é tratado como problema de saúde pública; exploração sexual e tráfico de pessoas são as maiores preocupações

Colaboração
por Amanda Pioli, Felipe Mateus, luciana Fraga 

Discentes do 7º Termo de Comunicação Social-Jornalismo da FAAC/Unesp 

Apesar de ter sido sede de um dos mais famosos bordéis do Brasil nos anos 50 e 60 - a “Casa da Eny” - a cidade de Bauru não tem um histórico de desenvolvimento de políticas públicas específicas sobre o assunto. As ações existentes são extensões de políticas nacionais ou iniciativas de organizações não governamentais, todas voltadas à prevenção da transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Em 2008, a jornalista Priscila Gonçalves Bernardes escreveu o livro-reportagem “Profissão da vida: olhares femininos sobre a regularização da prostituição”. Apresentada como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo na Unesp, a obra trata da questão da prostituição em várias cidades, entre elas Bauru.

Priscila explica que, na maioria das cidades, não há uma organização das garotas de programa a fim de lutar por melhorias de condição de trabalho, porque muitas dessas profissionais consideram a ocupação como uma atividade temporária. Essa falta de união das prostitutas traz consequências, como explica a jornalista: “Em Bauru, as prostitutas não desenvolveram a capacidade organizativa e autônoma que podemos verificar em cidades como Campinas e Ribeirão Preto, por exemplo. Elas estão muito mais marginalizadas e, portanto, expostas a diversos tipos de violência. Ouvi relatos que vão desde pessoas que jogam objetos nessas mulheres até sequestro e tentativa de homicídio”.

A prostituição em Bauru, segundo a entrevistada, é tida pela sociedade como uma “doença social” que deve ser combatida para manter os valores da cidade. Mas ela faz uma observação: “´É na família tradicional que muitas delas encontram o seu sustento. A prostituição no Parque Vitória Régia nas manhãs e tardes dos dias úteis é bastante interessante para elas, porque, segundo uma de minhas entrevistadas, é nesse período que os homens casados e com maior estabilidade financeira costumam procurá-las.”

De acordo com Priscila, a discussão a respeito da regulamentação como forma de evitar problemas como a exploração e a violência é algo que precisa ter a participação das próprias prostitutas: “Apesar do desenvolvimento de uma pesquisa sobre o assunto, não cheguei a uma conclusão definitiva sobre a regulamentação da prostituição. Por ser um tema especialmente delicado, não me senti no direito de expor como as coisas devem ser. O que acredito, porém, é que essa é uma discussão que precisa ser pautada, e precisa ser levada com e pelas próprias prostitutas. Há tanto grupos de prostitutas organizadas favoráveis à regulamentação quanto contrários”.

Prevenção e aconselhamento

Em Bauru, a maior parte das ações desenvolvidas é voltada para a área de saúde pública. A ONG Sociedade de Apoio a Pessoas com Aids de Bauru (SAPAB) presta assistência a portadores do vírus HIV na região desde 1992. Seja por meio de abrigo, tratamento psicológico ou campanhas de prevenção, a SAPAB é uma iniciativa ligada à prática sexual saudável e, portanto, de orientação a profissionais do sexo. “Tentamos valorizar o que de melhor cada um tem, tentamos encontrar uma forma da pessoa não achar que é um excluído da sociedade”, afirma Marcia Pereira da Silva, coordenadora da ONG.

Bauru também possui os Centros de Testagem e Aconselhamento, que realizam ações de prevenção e diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis. Os serviços oferecidos são testes para HIV, sífilis e hepatites B e C, gratuitos, além de fornecer materiais de prevenção, como preservativos.

Segundo Eliane Monteiro, coordenadora do programa DST/AIDS em Bauru, as pessoas que procuram os centros também recebem acompanhamento psicológico sigiloso. “Quando uma pessoa nos procura, a primeira coisa que fazemos é uma sessão para aconselhá-la, tirar todas as suas dúvidas sobre DSTs”, afirma.

Profissionais do sexo e outros grupos considerados mais vulneráveis às DSTs também podem contar com o trabalho de educação continuada oferecido pelo Centro de Referência em Moléstias Infecciosas (CRMI). Confira endereço e telefone desses serviços no final da reportagem.

Combate à exploração sexual

Apesar de a prostituição não ser considerada um crime pela legislação brasileira, existem alguns delitos ligados à prática, como o favorecimento à essa atividade, chamado de Lenocínio. De acordo com o art.227 do Código Penal, esse crime é punível, com reclusão de um a oito anos. A Polícia Militar de Bauru informa que o combate às casas de prostituição é realizado apenas mediante à denúncia. Não há fiscalização contínua nesse tipo de estabelecimento.

Desde o século passado, a questão é abordada no Brasil como problema de saúde pública, no qual a transmissão de doenças venéreas, como a sífilis, é a maior preocupação. Outros problemas são o turismo sexual e o tráfico internacional de pessoas, principalmente de mulheres. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com o Governo Federal, luta para acabar com essas práticas com campanhas anuais, intensificadas na época do Carnaval, época em que muitos estrangeiros visitam o Brasil.

Serviço:

- SAPAB - Sociedade Apoio Pessoas com Aids de Bauru
Endereço: Rua Arnaldo R. Menezes 15/46, Parque Jaraguá – Bauru - SP
Telefone: 3226-2002

- CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento
Endereço: Rua XV de Novembro, 3-36, Altos da Cidade – Bauru – SP
Telefone: 3234-2576

- CRMI – Centro de Referência em Moléstias Infecciosas
Endereço: Rua Silvério São João, s/no
Telefone: 3224 – 2380

(Colaboraram: Ana Cláudia Tripoloni, Brunara Ascêncio, Bruno Sisdelli, Camila Franzoni, Lucas Gandia, Mariane Bovoloni, Matheus Fontes, Mirela Dias, Odelmo Serrano e Tainá Goulart)

26 de maio de 2012

Saúde em Bauru: promessas e dívidas

Situação do setor na cidade não mostra melhoras significativas; projetos prometem mudar esse panorama

Colaboração
por Beatriz Almeida, Damaris Rota, Laís Rodrigues, Lívia Pereira
Discentes do 7º Termo de Comunicação Social-Jornalismo da FAAC/Unesp



O endividamento do município de Bauru atinge a área da saúde e leva o governo a tomar certas medidas. Uma delas é a privatização de instituições administrativas no setor. No entanto, as ações não garantem melhorias na área e a qualidade do serviço oferecido ainda deixa a desejar: faltam leitos e medicamentos e os equipamentos são ultrapassados. Como alternativa, a sociedade civil cria iniciativas para suprir a demanda por atendimento médico 

Apesar de Investimentos, a situação da saúde ainda é preocupante 

No dia 6 junho, o Ministério da Saúde anunciou um repasse de R$ 880 milhões para o sistema de saúde do país. Desse total, Bauru receberá quase R$ 397 mil, para construir duas novas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs): uma em Tibiriçá e a outra em Octávio Rasi. Segundo informações fornecidas pelo ministério, o objetivo é aumentar o acesso aos serviços de saúde, desafogar os atendimentos nas urgências e emergências e ampliar a assistência especializada. 

Além das duas novas UPAs há possibilidade da cidade ganhar este ano mais um hospital. Ele está localizado nas dependências da Universidade de São Paulo e deve começar a funcionar de modo gradativo. O estabelecimento é um passo para a instalação de um curso de Medicina em Bauru. Quando estiver funcionando de forma plena, o novo hospital - que possui 12 andares, 164 leitos e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) - precisará de, em média, 200 médicos. 

Desde a crise do Hospital de Base (HB) em 2009, ele atua com a metade de sua capacidade. Mais de 50% das pessoas que dão entrada no hospital necessitando de internação demoram mais de 24 horas para conseguir um leito. 

No período de 2005 a 2011, a média de leitos no país era de 26 por 10 mil habitantes, enquanto a média mundial é de 30 leitos para cada 10 mil. Em 2009, Bauru contava com 1046 leitos para internação, sendo 465 regulares e 581 privados. 


Projeto aprovado pela Câmara prevê privatização de setores da saúde 

O prefeito de Bauru, Rodrigo Agostinho, deve terminar seu mandato em dezembro deste ano sem cumprir uma de suas promessas de campanha, que diz respeito a não privatização da saúde pública na cidade. No dia 17 de outubro de 2011, em sessão na Câmara dos Vereadores, foi aprovado, por 11 votos a cinco, o Projeto de Lei nº 56/11, que prevê a criação da Fundação Estatal Regional de Saúde de Bauru pelo Poder Executivo. 

A Fundação teria a responsabilidade de coordenar as atividades e políticas da área da saúde, junto aos municípios da região, inclusive a partir da contratação de serviços junto à iniciativa privada. 

O projeto foi aprovado pela Câmara com a condição de que o estatuto da entidade voltasse ao Legislativo para análise e aprovação: até o momento não houve encaminhamento do documento para os vereadores. 

Cerca de oitocentos funcionários serão necessários para o funcionamento da instituição. Para cumprir essa demanda, trabalhadores de outras unidades do serviço de saúde pública deverão ser remanejados. Segundo declaração do vereador Roque Ferreira (PT) para a Rádio 94FM, servidores estatutários não poderiam ser transferidos para uma instituição na qual as relações de trabalho são regidas pelo regime jurídico de natureza privada. 

Outro caso semelhante aconteceu na administração da Maternidade Santa Isabel, cuja gerência passou da Associação Hospitalar de Bauru (AHB) para a Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (FAMESP), uma Organização Social de Saúde (OSS). As OSSs são entidades de direito privado, de finalidade não lucrativa. Os 106 funcionários da antiga AHB que não foram aprovados pelo concurso realizado pela instituição foram realocados para trabalhar no Hospital de Base. 


Transição de gestão da Maternidade Santa Isabel chega ao fim 

No dia 1º de junho, a Maternidade Santa Isabel passou a ser administrada pela Fundação Para o Desenvolvimento Médico Hospitalar (FAMESP). A entidade privada Associação Hospitalar de Bauru (AHB), antiga administradora da Maternidade, possuía como principal fonte de renda fixa os repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), que era inferior às necessidades da unidade. A Associação esteva envolvida em escândalos de desvio de verbas do SUS e encontrava-se com dívidas que passam dos R$ 140 milhões. 

A crise veio à tona quando a Operação Odontoma - ação do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Polícia Federal (PF) - foi executada para apurar a existência de desvios de recursos públicos, superfaturamento e cobranças indevidas de serviços dentro da AHB. 

A FAMESP pretende investir este ano na Maternidade R$ 22 milhões com reformas do prédio e compra de equipamentos novos. A Fundação também avalia projetos para a construção de uma nova maternidade ao lado do Hospital Estadual de Bauru, já administrado pela Fundação. 

Até o final do ano, mais 80 funcionários que passaram no concurso, mas ainda não foram convocados, devem ser contratados. A fundação admitiu também 50 médicos que começaram a trabalhar dia 1º de junho. A Maternidade Santa Isabel é referência em partos de alto risco para toda a microrregião de Bauru, que abrange 22 municípios. 

Iniciativas da população civil suprem necessidades 

Apesar do investimento em ações que promovam a saúde da população, as suas necessidades básicas não são atendidas pelo governo municipal. Por esse motivo, a demanda é atendida em parte por projetos que não são ligados à Prefeitura. 

Os estudantes de Odontologia do campus de Bauru da USP são um exemplo desse tipo de ação. A partir do segundo ano do curso, eles atendem em quatro clínicas diferentes, oferecendo vários tipos de tratamento à população. O professor da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) Rafael Mondelli explica que é feita uma triagem que encaminha o paciente para a especialidade necessária. Os alunos de cada especialidade são definidos de acordo com os semestres e as disciplinas que já cursaram. 

Os alunos também atendem a comunidade se dirigindo aos bairros mais afastados. O professor destaca que tanto a sociedade quanto o corpo discente se beneficiam com a ação . “É uma forma de você ter todo o investimento do governo em termos da universidade na formação do profissional para que depois ele possa estar prestando atendimento de qualidade aos pacientes.” 

O doutorando do programa de odontologia da USP Guilherme Cardia concorda com o professor e comenta que a qualidade do atendimento não pode ser considerada inferior a clínicas particulares: “Os pacientes necessitam desse atendimento, e aqui fazemos esse atendimento da mesma forma que seria um atendimento particular. Temos toda a gama de materiais, de conhecimento, então conseguimos atender esses pacientes da melhor forma possível.”, afirma o estudante. 

Também colaboraram: Aline Camargo, Ana Laura Mosquera, Ana Lis Soares, Beatriz Spinelli, Bianca Barbis, Camila Oliveira, Gabriel Salgado, Guilherme Weimman, Isabel Namba, Kátia Kishi, Luis Paulo Jarussi, Maria Eduarda Kalil, Pedro Zambon, Raphael Rodrigues, Thatianna Oliveira, Thiago Sawada, Vanessa Cancian, Vinicius Denadai

Aumento no consumo de crack preocupa poder público

Droga tem consumo crescente e governos municipal e federal ampliam medidas de combate ao uso

Colaboração
por 
Amanda Pioli, Felipe Mateus, Luciana Fraga  

Discentes do 7º Termo de Comunicação Social-Jornalismo da FAAC/Unesp 


O crack já é a droga ilícita mais consumida no estado de São Paulo. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2011 pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, ele foi apontado como a mais usada, citado em 31% das respostas. Esse número só é menor que o de consumo de álcool, droga lícita, que totaliza 49% das respostas. A preocupação gerada pelo aumento do uso leva às medidas adotadas pelos municípios e pelo governo federal.

A estimativa da Polícia Militar de Bauru é de que existam cerca de 70 pessoas na cidade que vivem em função do crack - os traficantes. O número preocupa ainda mais quando são considerados os usuários: mais de dois mil. Grande parte dessas pessoas se acumula nas proximidades da linha férrea, localizada em baixo do viaduto, no cruzamento da rua 13 de Maio com a avenida Nuno de Assis. O local é conhecido como a “cracolândia bauruense”. 

Em reportagem publicada no dia 6 de junho, o Jornal da Cidade de Bauru mostrou uma outra faceta do crack, o abandono. Usuários passaram a utilizar tubulações do Departamento de Água e Esgoto (DAE) depositadas em uma área próxima ao Rio Bauru. 

O major Flávio Kitazume, subcomandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior (4ºBPMI), afirma que o uso das drogas contribui muito para a ligação dos usuários a atividades criminosas. “O crack é uma droga que vicia rapidamente e causa uma dependência muito forte”, aponta. Segundo o major, “quando o indivíduo não tem mais dinheiro para comprar as pedras, ele parte para o roubo, inclusive dentro de casa, e para a prostituição”. 

Kitazume ainda observa que a maior preocupação da PM é detectar os pontos de venda para poder combater o tráfico. Para ele, algumas medidas colaboram com a diminuição do uso da droga. “As campanhas desenvolvidas trabalham com a conscientização da sociedade. A educação familiar, no entanto, é fundamental para auxiliar no tratamento de dependentes e afastar possíveis novos usuários do vício”, adverte. 

Iniciativas na cidade 

Para combater a disseminação do crack, Bauru conta com algumas operações realizadas pela Secretaria do Bem-Estar Social (SEBES). Entre elas, estão a “Enfrentamento ao crack”, que já acontece há alguns meses, e o “Projeto Revitalizar”. 

As operações são realizadas durante o dia, não abrangendo, portanto, todos os usuários. A “Enfrentamento ao Crack” percorre locais predeterminados no período das 6h às 9h da manhã, para retirar as pessoas das ruas, e levá-las a locais seguros, e depois encaminhá-las ao o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Creas Pop). Tal limitação no horário exclui do recolhimento os usuários de drogas que voltam a esses locais de risco apenas à noite. 

Para tentar ampliar a atuação das instituições, Darlene Têndolo, secretária do Bem-Estar Social, informou, em entrevista ao Jornal da Cidade, que o Creas Pop, responsável por encaminhar os moradores de rua a entidades assistenciais, vai receber reforço para poder atuar 24 horas. Por enquanto, o centro atende até as 17 horas. 

Os projetos coordenados pela SEBES não são os únicos desenvolvidos na cidade. O “Alimentando Corpo e Alma” sai às ruas nas sextas-feiras à noite, buscando usuários de drogas que queiram ir, por vontade própria, procurar assistência no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Bauru (Caps Ad). Além do encaminhamento, o grupo de voluntários distribui comida e cobertores. 

Políticas Federais 

Em todo o Brasil, o governo federal também atua no combate ao crack. Um dos órgãos responsáveis pelo combate às drogas no país é a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). Segundo o portal do Ministério da Justiça, a atuação é feita em três frentes: pesquisas para saber o panorama atual, a capacitação de profissionais para lidar com o tema e projetos que trazem informações e ampliam o acesso aos recursos locais existentes para prevenção e tratamento. Só neste ano, segundo o site da Senad, houve financiamento de R$375 mil para a área de pesquisas e projetos. 

Uma outra iniciativa do governo federal é o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, instituído em 2010. Ele prevê apoio quanto à prevenção do uso, o tratamento dos usuários e a reinserção dos dependentes na sociedade. 

Dentro desse Plano, há a mais nova campanha de combate ao Crack, lançada pela presidente Dilma Rousseff, intitulada “Crack, é possível vencer”. A campanha teve um investimento de R$4 bilhões do governo, segundo o portal da secretaria. Dessa quantia, R$6 milhões se concentraram na implantação de mais Centros Regionais de Referência, responsáveis pela capacitação dos profissionais quanto à prevenção do uso e o tratamento dos dependentes. Outras ações também visadas pela campanha são o policiamento das áreas de uso de drogas e as ações preventivas nas escolas e comunidades. 

(Colaboraram: Ana Cláudia Tripoloni, Brunara Ascêncio, Bruno Sisdelli, Camila Franzoni, Lucas Gandia, Mariane Bovoloni, Matheus Fontes, Mirela Dias, Odelmo Serrano e Tainá Goulart)

25 de maio de 2012

FIAA: Perfil Dennis de Oliveira


No dia 28 de maio, durante a mesa-redonda "Políticas Públicas de Estado na Produção Cultural", junto de Francisco Sierra, está Dennis de Oliveira. Conheça-o.


Parte acadêmica:

Professor da Universidade de São Paulo no curso de Jornalismo da ECA e nos Programas de Pós Graduação em Direitos Humanos da Faculdade de Direito/São Francisco e de Mudança Social e Participação Política da EACH/USP-Leste. Vice-chefe do departamento de Jornalismo da ECA. Coordenador do CELACC (Centro de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação), membro do Conselho Científico do NEINB (Núcleo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro). Consultor ad-hoc do CNPq e Fapesp. Autor do livro "Mídia, Cultura e Violência" (São Paulo: Celacc, 2010) e editor da revista ExtraPrensa.

Fora da universidade:
Dennis de Oliveira é colunista da Revista Fórum, uma publicação de natureza independente que surgiu durante o Fórum Social Mundial de 2001 em Porto Alegre e é importante espaço de reportagens e debates à margem das pautas dos grandes veículos de comunicação. Para conhecer mais do conhecimento e posicionamento político-independente de Dennis, basta segui-lo no Twitter ou no Facebook



FIAA: Perfil Francisco Sierra Caballero

Por meio de entrevista do Observatório do Direito à Comunicação, conheça o professor e pesquisador Francisco Sierra Caballero. Ele e outros profissionais destacados estarão presentes no dia 28 de maio para a mesa "Políticas Públicas de Estado na Produção Cultural". Abaixo, confira a entrevista na íntegra em que Francisco Sierra disserta sobre, entre muitos assuntos, a força da comunicação como mudança social.




A comunicação como cooperação produtiva


A pouca idade de Francisco Sierra Caballero parece não ter acompanhado sua produção intelectual. Apesar de ser considerado um dos mais novos pesquisadores latinos colaboradores com o pensamento crítico no campo das TIC, ele já possui mais de 20 livros publicados e quase 40 artigos inseridos em revistas científicas, tendo ganhado renome internacional com pesquisas sobre as tendências das políticas de comunicação educativa na construção da Sociedade Global da Informação. 



Sierra é professor da Universidade de Sevilha e diretor do Centro Iberoamericano de Comunicação Digital e do curso de pós-graduação em Comunicação e Desenvolvimento Local. Doutor em Ciências da Informação, o investigador espanhol é membro permanente da International Association for Media and Communication Research (IAMCR). Dentre suas principais publicações estão “Apuntes para uma Historia de la Comunicación Educativa” (2002), “Crítica de la Economía Política de la Comunicación y da Cultura” e “Políticas de Comunicación y Educación (2006)”.


Em entrevista ao Boletim de Notícias da Rede Eptic, Francisco Sierra defende a necessidade de formulação de políticas públicas de comunicação educativa e diz que o conhecimento não deve ser tratado como mercadoria, mas sim socializado. O pesquisador acredita que as TIC e suas inovações implicam mudanças nas relações sociais e que se torna necessária a construção de políticas locais e regionais de comunicação. Ele ressalta a importância das investigações da Ulepicc na construção de um novo modelo social de comunicação como cooperação produtiva e afirma que a participação da comunidade nos processos inovativos deve ser vista como planejamento de desenvolvimento e de mudança social.

EPNOTÍCIAS - Ao abordar o processo histórico da comunicação educativa em um de seus livros, o senhor aponta a comunicação, a educação e o desenvolvimento como sendo três paradigmas importantes para a concretização de um universo discursivo de liberdade do saber e do conhecimento. Como fazer uso pedagógico dos meios de informação em uma estrutura internacional oligopolizada, que promove a mercantilização do saber e do conhecimento?
Francisco Sierra - Eu acredito que são muito importantes as experiências locais no apoio à luta dos movimentos sociais, a uma socialização do conhecimento com as tecnologias da informação e da comunicação, a uma democracia participativa radical. Também é muito importante o projeto de redes interurbanas, projetos em que essas experiências locais tenham conexão com outras experiências de socialização das novas tecnologias. Quando eu falo que há uma individualização de políticas públicas é porque estes projetos estão desconectados com projetos de mobilização social para a conquista do desenvolvimento equilibrado e igualitário. É muito importante a cooperação entre territórios, a cooperação entre movimentos sociais, a cooperação entre atores, o intercâmbio e a troca de experiências profissionais.


Como atingir a universalização do conhecimento através da comunicação?
A primeira condição é que os próprios canais, os meios de comunicação sejam públicos, para a socialização e universalização do conhecimento que não seja uma mercadoria. A idéia é que a cultura e a comunicação não sejam tratadas como uma indústria, não se rendam à lei do valor, à mercadoria. É preciso trocar a lógica da mercadoria por uma lógica de serviço público, de interesse público. Na prática, isso se faz através de políticas públicas, que por sua vez, não podem ser nacionais, mas sim supranacionais, a exemplo do Mercosul e União Européia. Deve ser feito um projeto de regulação transnacional, sem esquecer as especificidades locais, pois cada região tem que se voltar para sua tradição, seu modelo de desenvolvimento e necessidades sociais.

Quais as problemáticas e benefícios da introdução dos novos sistemas de informação e de comunicação no setor educativo?
Eu destacaria dois problemas. Um deles é de adaptação em nível de inovação tecnológica. Isso é uma problemática para o sistema educativo porque a tecnologia de ponta, mas avançada, é muito cara para um sistema público, com pouco financiamento. O segundo problema é que os sistemas formais de ensino de educação superior da universidade devem reformular seu modelo de organização, seu modelo institucional. Isso traz problemas porque são instituições tradicionais, muito resistentes a mudanças organizativas. Mas é preciso reorganizar porque as TIC’s implicam em mudanças das relações sociais, da relação professor-aluno, da relação entre pesquisador e comunidade. 

Como o senhor vê a relação entre as ações do Estado, das empresas privadas e das universidades?
A interação entre sistemas, ciência e tecnologia, sob o ponto de vista do desenvolvimento local, abre um debate para pensar como o pesquisador vincula seu trabalho com a comunidade, com a empresa, com o desenvolvimento territorial. Esse pensamento já tinha sido formulado nos anos 60, mas na década de 80, com a política neoliberal, foi abandonado. Agora, coloca-se novamente em discussão a relação entre desenvolvimento científico e desenvolvimento territorial. Em alguns lugares, tem sido criadas cidades do conhecimento, que integra o setor privado, universitário e público, os sistemas de ciência e tecnologias e demais atores sociais, como poderes públicos e movimentos sociais. A função é monitorar idéias e articular os vínculos. Na Espanha e União Européia, por exemplo, estamos pensando na agenda do século XXI, nas políticas culturais para o desenvolvimento local. Está muito avançada esta reflexão, mas os observatórios são escassos.

Mesmo com as tendências da rede global de informação e as contradições observadas com o discurso público liberal sobre a comunicação e democracia, o senhor acredita que se pode construir um novo modelo social de comunicação como cooperação produtiva?
É possível. O debate deve ser até 2010. Tem-se uma crítica da política pública para reformular os princípios da economia política liberal e das políticas funcionais ao capitalismo cognitivo. Por outro lado, é preciso fazer um trabalho de articulação social com as comunidades, com os cidadãos, para que sejam conscientes de como essas transformações da comunicação e do conhecimento afetam nas suas vidas, em seu cotidiano. É um trabalho de pedagogia política, pedagogia para a democracia. Vários pesquisadores chegaram à conclusão que o projeto de política de educação tem que ser para a cidadania, informação e conhecimento.

Por que a comunicação educativa é um campo estratégico para a configuração dos modelos de desenvolvimento regional?
Porque o capitalismo cognitivo depende diretamente da ciência e tecnologia. Mas é necessário haver mediação, que é a educação. A troca de conhecimento e pesquisa é uma questão positiva. Descobriu-se que a riqueza das nações depende do sujeito do trabalho, das comunidades, de sua cultura, de sua criatividade, o que os economistas ortodoxos denominavam ‘valor agregado’, da cultura de produção. Esses são os elementos que distinguem a produtividade de uma economia. A idéia central depende de como se qualifica a força de trabalho, como isso se reflete no desenvolvimento e como seriam as instâncias da ciência e tecnologia no desenvolvimento regional. É nesse processo que o papel da comunicação educativa é vital, pois promove a socialização das tecnologias da informação e a criatividade da inovação científica e tecnológica. Se os trabalhadores precisam das tecnologias da informação, deve-se educa-los sob as perspectivas de políticas públicas.

Com a globalização midiática e a conseqüente concentração dos setores da indústria cultural, acaba acontecendo um processo de reconstituição dos poderes públicos, em que o Estado cede às empresas privadas a função de administração dos serviços de interesses públicos. Quais são as alternativas de mudança da comunicação frente aos discursos liberais e qual o papel dos movimentos sociais nesse processo?
Do ponto das alternativas, nós que formamos a ULEPICC estamos trabalhando no que denominamos de agenda ULEPICC, agenda de políticas públicas, um dos objetivos fundamentais é a mudança da comunicação, partindo-se da idéia de que a comunicação é um direito humano, não uma mercadoria, e de que as políticas públicas sejam planejadas em escala global. Daí um debate importante do movimento CRIS, movimento pró direito da comunicação à sociedade da informação global. Nós da ULEPICC temos reforçado que é preciso uma mudança na comunicação com formulação de políticas públicas que não sejam planejadas em nível nacional, mas em nível supranacional. Por isso a ULEPICC é um coletivo latino, que engloba toda a América Latina, Espanha, Portugal, colegas latinos da França, Itália, Canadá, com essa missão global de que existe essa divisão internacional do trabalho cultural. Então se a cultura desses países deve posicionar-se de forma a construir políticas públicas em conjunto, políticas de cooperação internacional, se quer apurar o papel da comunicação e desenvolvimento. Os movimentos sociais também devem trabalhar politicamente a comunicação. O Fórum Social Mundial tem formulado políticas em matéria de comunicação, mas os movimentos sociais em geral, não trabalham com missões comunicativas dialógicas, participativas e democráticas, nem tampouco têm um discurso sobre o papel central da comunicação para subdivisão social e das lutas sociais. É necessário que os movimentos sociais sejam conscientes da comunicação e operem em escala regional e também em escala supranacional, com as políticas públicas dos Estados.

Em um dos seus artigos, o senhor diz que as forças políticas e sociais devem começar a definir políticas locais e regionais de comunicação. Como isso pode ser alcançado na América Latina e na União Européia, em que o livre fluxo de informação tem causado graves problemas, dentre eles a redução das taxas de produção local e dos espaços próprios de difusão audiovisual?
Evidentemente os poderes públicos locais, por si sós, não podem mudar as condições de desenvolvimento local ou regional. É preciso alianças interurbanas, inter-regionais, mas é preciso ter políticas locais porque hoje as políticas públicas são nacionais, mas não havia descentralização, e o capitalismo global obriga a descentralização. O Estado é mínimo e as esferas regionais têm papel central para fazer frente às mudanças das políticas neoliberais, às mudanças da competitividade industrial e econômica. É preciso ter uma política de comunicação e cultural para fazer estratégias inteligentes. Para se ter uma idéia, no período entre 2004 e 2006, não Europa, não houve políticas locais de comunicação nem tampouco políticas regionais. Na América Latina, pelo pouco que conheço, vê-se Estados muito centralizados. Não é o caso do Brasil, mas é o caso do México e do Chile. As entidades locais e regionais só querem competência apenas, competência para se chegar ao desenvolvimento territorial e que também formule políticas culturais para um equilíbrio e aproveitamento dos seus próprios recursos.

No caso da Internet, o problema é de brecha digital ou participação?
De participação, porque a brecha digital pressupõe que cidadão é usuário, consumidor de um bem que não é público, mas sim mercadoria. Então à indústria cultural interessa que a demanda cresça. A internet basicamente não é um problema. O importante é saber que papel tem esses cidadãos no planejamento da mudança tecnológica, da inovação tecnológica, dos usos das tecnologias da informação sobretudo para o desenvolvimento regional ou comunitário, que papel tem a produção de conteúdos, a organização dos sistemas de educação e informação e a geração do conhecimento. As políticas públicas nunca fomentam a participação. Entende-se a participação como acesso, como consumo, mas a participação deve ser vista como planejamento de desenvolvimento e de mudança social. A Unesco, quando fala de indicadores de acesso digital, está falando de participação, mas na prática não faz nenhuma política ou esforço ou projeto com participação do povo para articular comunitariamente conhecimento. As políticas de comunicação normalmente confundem acesso de informação com participação. O acesso se faz com políticas da brecha digital, diferentemente da participação, que implica aceso, formação, criação e autodeterminação, capacidade de controlar os próprios recursos, as próprias tecnologias, os próprios conhecimentos comunitários.

Como a rede de pesquisadores da ULEPICC está participando das formulações de políticas públicas para um modelo de desenvolvimento da comunicação?
Desde o ano 2000, a ULEPICC vem trabalhando com movimentos sociais, por exemplo, com o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Na Espanha também estamos trabalhando com a plataforma de defesa da televisão pública, com as organizações sociais. Fazemos com que as pesquisas de economia política crítica e as propostas de políticas públicas democráticas de comunicação sejam debatidas com os movimentos sociais.

Quais as contribuições das suas investigações na área?
A mais importante é o livro que publiquei em 2006, “Políticas de Comunicación y Educación”, porque, tradicionalmente, quando os pesquisadores da pedagogia ou da comunicação pensam em comunicação educativa como missão política, como uma positiva utilização das novas tecnologias para a educação, para o ensino superior e educação básica, mas não é uma questão política. O primeiro estudo global, com um traçado histórico sobre as políticas públicas de convergência entre o setor educativo e comunicativo foi este estudo que publiquei. Essa é uma contribuição importante para mudar a visão dos educadores e dos comunicólogos que frente à sociedade do espetáculo, dependem da comunicação educativa para valorizar. Há uma economia da comunicação educativa, há uma mudança nesse setor educativo pelas indústrias culturais, as quais também têm interesse na comunicação educativa. Tiveram interesse na época da televisão educativa via satélite e agora com a internet e a tele-educação. Isso é um apanhado de economia crítica e das origens da comunicação educativa como intervenção interdisciplinar.

24 de maio de 2012

CartaCapital traz reportagem sobre o envolvimento de Veja com empresário contraventor

Carlinhos Cachoeira teria usado a revista para promover a imagem de Demóstenes Torres

Colaboração
por Felipe Mateus; Bruno Sisdelli; Matheus Martins Fontes; Mirela Dias
Discentes do 7º Termo de Comunicação Social-Jornalismo da FAAC/Unesp


A revista CartaCapital publicou, na sua edição do dia 9 de maio, uma reportagem que responsabiliza a revista Veja pelo fato de ter mantido ligações com o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos (conhecido como Carlinhos Cachoeira), cujas consequências têm implicações no Executivo, Legislativo e Judiciário federais. As informações vieram à tona após a divulgação de gravações telefônicas entre Cachoeira e o jornalista Policarpo
Jr., diretor da sucursal da Veja em Brasília. 

De acordo com a reportagem (“Os desinformantes” - edição 696, p. 30-34), o ex-diretor da Construtora Delta, empresa alvo de denúncias em um suposto esquema de corrupção, obtinha e fornecia à publicação da editora Abril informações que serviam de base para matérias de denúncia, usando a revista para prejudicar adversários e atender aos seus próprios interesses políticos. CartaCapital afirma que Cachoeira contava com a ajuda de Veja para promover a imagem do senador ex-filiado do DEM, Demóstenes Torres, aliado do contraventor. 

Sem citar a CartaCapital, Veja respondeu à reportagem na edição do dia 16. A matéria “A incômoda liberdade de imprensa” (edição 2269, p. 62-69) informa que essas afirmações fazem parte de um plano dos envolvidos no escândalo do mensalão do PT para prejudicar a revista da Abril, uma vez que esta teria contribuído para levar o esquema de corrupção à Justiça.

Capa da revista Carta Capital 

23 de maio de 2012

FIAA: Perfil Donny Correia


Continuando a nossa sequencia de perfis... No dia 30 de maio será realizada a mesa "Economia Política da Produção Cultural" e mais um dos convidados especiais do FIAA é Donny Correia. Conheça-o seguindo dois releases, um vídeo e um comentário.

O primeiro: Poeta e cineasta. É mestrando em Estética e História da Arte pela USP. Publicou os livros O eco do espelho (2005) e Balletmanco (2009), e dirigiu os curtas Braineraser e Anatomy of decay (2008) e Totem (2010), além dos videoclipes High Shot e Macabea, da banda inglesa SEVERIN. É gerente de programação da Casa Guilherme de Almeida.

Confira aqui o videoclipe de Macabea:

O segundo: (26/04/1980, São Paulo - SP). Poeta e tradutor. Morou em Londres entre 2000 e 2003, onde editava uma coluna de entrevistas no jornal Brazillian News, dedicado à comunidade brasileira na Inglaterra. Tem poemas publicados na Zunaí e no Paralelos, dentre vários sítios de literatura e na Internet. Traduziu poemas de Liz Lochhead, John Masefield e William Sharp. Atualmente é coordenador cultural da Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, e vem estudando a fundo a poesia galesa antiga e contemporânea.

Chance de ver a convergência entre poesia, literatura e narrativas audiovisuais e suas implicações econômicas de produção e distribuição. Não perca!

22 de maio de 2012

FIAA 2012 - Stella Puente


No dia 30 de maio, durante o Fórum Ibero-Americano de Audiovisual, será realizada a mesa "Economia Política da Produção Cultural" composta pelos professores Marcos Américo e Francisco Machado Filho, o poeta e cineasta Donny Correia e a presença estrangeira da socióloga argentina Stella Puente.

A pesquisadora é bacharel em sociologia da UBA, Universidade de Buenos Aires. Na atualidade é consultora em indústrias culturais. Dirige a Pós-Graduação em "Gestão das Indústrias Culturais" na Universidade Três de Fevereiro e é coordenadora da Neo TV Lab (laboratório de novas tecnologias aplicadas à televisão) da mesma universidade.

Foi Diretora Nacional de Política Cultural e Cooperação Internacional na Secretaria da Cultura da Argentina e subscretária das Indústrias Culturais de Buenos Aires em que implementou políticas voltadas a empresas de cunho cultural da cidade.

É frequentemente convocada para dar conferências, cursos e seminários, nesta temática cultural, em universidades, congressos e organismos nacionais e internacionais. Escreveu artigos em jornais e revistas especializadas. É autora do livro "Industrias Culturales", editora Prometeu, 2007.

O vídeo abaixo é uma entrevista com Stella durante o "4º Encuentro Internacional NeoTvLab" e faz um panorama da lógica de produção cultural frente à mudança das novas tenologias. Serve também para "practicar el español".

Foto: divulgação



Convidados do FIAA debaterão políticas públicas voltadas para produção cultural

Fórum começa no dia 28 de maio e reúne profissionais brasileiros e estrangeiros

Da Redação SICOM PET,
por Kelly de Conti


No primeiro dia do Fórum Ibero-Americano de Audiovisual e Arranjos Produtivos (FIAA), a temática central abordará um aspecto decisivo para a qualidade dos produtos culturais: as políticas públicas desenvolvidas pelo governo.

O foco, porém, não será apenas no Brasil. Para isso, um convidado estrangeiro participará do evento. Professor da Universidad de Sevilla, Francisco Sierra Caballero é líder do Grupo Interdisciplinar de Estudos em Comunicação, Política e Mudança Social (COMPOLITICAS). Outro que vai contribuir com o debate será Dennis de Oliveira, professor da Universidade de São Paulo (USP). Ele trará sua experiência como coordenador do Centro de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC) e membro do Conselho Científico do Núcleo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro (NEINB).

Na mesma mesa estará o professor Juliano Maurício de Carvalho, diretor do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) e professor da pós-graduação e graduação da Unesp. Ele também é líder do Laboratório de Estudos em Comunicação, Tecnologia e Educação Cidadã (Lecotec). O professor Juliano comentou sobre os objetivos do FIAA. Confira no podcast abaixo.


Para conhecer um pouco mais o professor Francisco Sierra Caballero, acompanhe o vídeo abaixo:




“O Brasil precisa de uma reforma política”, afirma Majô

Colaboração,
por Brunara Ascêncio, Camila Franzoni, Lucas Gandia, Luciana Fraga, Odelmo Serrano 
Discentes do 7º Termo de Comunicação Social-Jornalismo da FAAC/Unesp


Majô foi secretária da Educação de Bauru em 2009
Maria José “Majô” Jandreice não é figura nova na cena política de Bauru. Ao se mudar para a cidade em 1983, passou a acompanhar de perto a política local. Majô já atuou como vereadora por quatro mandatos e foi secretária de Educação. Nesta entrevista, a atual presidente do PCdoB regional e coordenadora política de 20 municípios vizinhos faz um balanço histórico do movimento político de Bauru, da polêmica do financiamento de campanhas com dinheiro público e da importância da imprensa na atuação dos políticos. 

Quando o movimento político da cidade passou a agir de forma diferente dos governos anteriores?

No meu entendimento, em 1982 há um dos primeiros grandes movimentos políticos na cidade. Foi nesse ano que se elegeu o (Edison Bastos) Gasparini. Ele era um militante político e já tinha até sido preso. Posso dizer que ele rompeu com a tradição de outros prefeitos que eram muito ligados ao regime militar. Esse cenário eu começo a acompanhar mais de perto em 1983, porque até então eu morava fora, na região do Vale do Ribeira. 
O Gasparini morreu de câncer no primeiro ano de governo e entrou em cena o seu vice, o (José Gualberto) Tuga (Martins Angerami). Apesar de ter sido uma prefeitura de arrecadação muito pequena, foi possível visualizar um divisor de águas na cidade. É um novo momento, de aumento da participação política e de crescimento dos sindicatos. Além disso, tentou-se resolver algumas políticas públicas que até então não existiam. Foram construídas 13 unidades de saúde e 30 escolas municipais. A cidade viveu um boom de políticas públicas. E assim vai criando demanda, vai trazendo gente e também investimento. 

Qual foi o momento de maior tensão política de Bauru? 

Em 1997, no segundo mandato do (Antônio) Izzo Filho. Durante o segundo ano de governo, há uma grande crise na Câmara Municipal. Entre os anos de 1997 a 2000, nós não fizemos outra coisa a não ser Comissões Especiais de Inquérito e Comissões de Cassações. Nós chegamos a umas 12 ou 13 Comissões Especiais de Inquérito. Foi cassado um vereador e foi aberto um processo de cassação do prefeito. Ele foi cassado, voltou e foi cassado novamente. 
A crise política se instalou e, com isso, vieram problemas econômicos e de gestão política. Você tem um retraimento econômico porque é um momento de tensão política, então a iniciativa privada também se retrai. E o município tem uma arrecadação muito pequena. Você tem problemas e mais problemas na área da saúde, da educação, enfim... É um momento em que você não tem nada sendo produzido para a resolução desses problemas. Instalou-se um grande desânimo na população, um grande descrédito político porque, ao mesmo tempo em que há respostas da Câmara, das classes organizadas, também há passeatas, polícia e estudantes na rua. Foi um momento de muita participação política do povo, mas também houve grande turbulência. 

Como você analisa a atual conjuntura política de Bauru? 

O Rodrigo (Agostinho) vem como um jovem, mas que não dá conta de responder politicamente aos anseios e de resolver questões que ainda existem na cidade. Nós temos pouca interação de partidos como o PCdoB, PT e PSB, uma câmara acanhada e não vemos a participação popular na política municipal. Além disso, Bauru não consegue romper com questões de longa data, como a especulação imobiliária, a preservação do ambiente, a questão da terra urbana. Temos uma cidade de serviço, em que a população depende das políticas públicas, de cultura, desenvolvimento social, esporte. 
A cidade ainda está acanhada, mesmo considerando esse momento de rompimento político, ela está aquém do que ela poderia ser. Por outro lado, na atual gestão algumas questões foram retomadas, como a volta dos investimentos do governo federal, o desenvolvimento de uma série de projetos. O crescimento da cidade é inegável. 

A oposição tem se organizado para voltar ao governo nas próximas eleições municipais?

Vamos para um momento eleitoral em que há o decaimento das nossas forças, em que o governo está juntando os partidos da esquerda como PT, PCdoB e outros partidos como o PP e o PPS. É uma colcha de retalhos que não sei onde vai dar. E do outro lado o PSDB, que tem seu representante maior no Estado e que não tem candidato aqui. Vai ser praticamente uma eleição plebiscitária. É uma cidade de forças ocultas, que vem de alguns lugares e elas continuam dando as cartas, o que torna isso mais difícil de combater. Aí que me assusta. 
O Rodrigo não tem uma política de grupo. Nós ficamos preocupados porque pensamos que o PSDB não precisaria estar no governo para governar. No município, o partido não tem pessoas com poder de votos, mas me amedronta se isso não é uma diretriz ou uma decisão de que não precisaria estar dentro do governo para governar. 


Como você acha que se dá a relação da imprensa local com a política de Bauru? 


Se você fizer uma pesquisa de como se comportava a imprensa da cidade e como se comporta hoje, você vai perceber uma grande diferença. Antes eles faziam um jornalismo investigativo, denuncista, tinham um papel importante na política. Hoje em dia não existe muito essa preocupação. Parece que não tem muita disputa política, parece que está tudo bem e por isso vão-se levando as coisas do jeito que está. 

Em 2010, a imprensa se posicionou contrária ao projeto de lei que regulamentaria a abertura do comércio nos finais de semana. Qual a sua opinião referente ao projeto? 

A imprensa ajudou muito, cumpriu um papel muito importante. Essa questão do projeto do comércio tem uma série de implicações e isso vem sendo discutido na Câmara. Eles colocam a questão trabalhista e a questão legal. Do ponto legal a Câmara não pode legislar sobre isso, porque ela vai interferir num assunto que é de regra da iniciativa privada, das questões trabalhistas, existe a legislação trabalhista para isso. 
A Câmara pode politicamente debater, mas ela não pode decidir, e nem o prefeito pode dizer se o comércio vai abrir ou não no final de semana. Na minha época eles fizeram uma manifestação em frente à Câmara, o sindicato estava lá também, eles queriam o direito a ter dias de folga, de descanso. E a imprensa estava do lado deles, ajudaram nessa manifestação, colocaram o assunto para ser debatido e acho isso muito importante. 

Você já declarou que houve uma grande pressão da imprensa para tirá-la do governo. O que você quis dizer com isso? 

Foi no primeiro ano do governo do Rodrigo, a imprensa foi muito crítica, mas isso foi importante para ajudar a resolver algumas questões. Eu passei muito apertada com a imprensa, assim como outros. Apertada no sentido de a imprensa vasculhar a secretaria, querer saber sobre recessos, coisas administrativas. 
Foi muito difícil para mim porque eu estava na secretaria, mas havia pessoas que estavam com dúvidas em relação ao que eu estava fazendo lá, se eu fiz alguma besteira lá dentro. E para mim politicamente isso foi uma derrota, foi muito difícil porque naquele momento houve pedidos para troca de secretários. De qualquer modo, a imprensa ajudou a administração a mudar o tom do secretariado. Eu não sei por que, mas havia motivo para tirar uma pessoa. 
Isso é uma visão pessoal minha, mas eu acho que no primeiro ano do governo do Rodrigo a imprensa teve um comportamento de mostrar as dificuldades que havia na administração, já que todo mundo que assumiu esse governo tinha pouca experiência política e dificilmente dá-se importância à dificuldade que os eleitores têm, às suas denúncias. E a imprensa é quem dá respaldo às demandas da população, que precisa de um espaço para divulgar suas denúncias. 

Mas e a influência da imprensa para tirar alguém do cargo? 

Eu acho que agora o Rodrigo se firmou mais, mas no começo nós nos pautamos muito pela imprensa porque ela pauta os problemas da população, em muitos casos ela foi investigativa e eu acho que a gente passou a usar isso como referência. Quando a gente chegava, a primeira coisa que fazíamos era abrir o jornal. E acredito que isso é errado, que nós temos que ter a imprensa como aliada, mas não nos pautarmos somente nela. 

E quanto à questão de financiamento das campanhas políticas, você acredita que existe uma boa fiscalização? 

Hoje você tem leis rígidas de controle de doações das campanhas, os candidatos, os partidos tem que prestar contas de onde vem o dinheiro que usam nas campanhas. E hoje, qualquer pessoa tem acesso a esses documentos pela internet. Porque para uma campanha você precisa de recursos, então os candidatos podem ter doadores. Eu mesma tive alguns, eles diziam que acreditavam na minha política, se propuseram a ajudar, alguns deles não se importavam em ter seus nomes ligados à minha candidatura, mas outros não queriam ter seus nomes divulgados e isso tem que ser respeitado. Agora, também existem as pessoas e empresas que financiam as campanhas políticas com outros fins, buscando um retorno disso, o que não tem como controlarmos. 

E o financiamento público de campanha? 

Isso é um debate muito complexo, se você perguntar para qualquer cidadão brasileiro se ele é a favor ou contra o financiamento público, ele vai ser contra, vai dizer que não gostaria de financiar corruptos. Esse é um debate que teria de ser aberto à sociedade. Precisamos fazer uma reforma política, não só em Bauru, mas no Estado e no país. 

O vereador Roque Ferreira já disse que a mudança não vai ocorrer na Câmara, que lá é simplesmente um paliativo para verdadeiras mudanças. Você concorda com essa afirmação? 

O que o Roque disse é verdade. Dentro da Câmara não tem debate. Quem tenta fazer esse debate mesmo é praticamente só o Roque. O Marcelo Borges faz um pouco também, mas ainda é escasso. Não se discutem questões de política e administração mais aprofundadas. Discutem que asfaltaram uma rua, que tamparam buracos, construíram creches, uma escola, mas nós perdemos um pouco esse debate maior de política. 

Você acha que o Rodrigo Agostinho tem autonomia na cidade? 

Eu não acredito que o Rodrigo seja um fantoche. Ele é inteligente, determinado, tem objetivos. Ele é uma figura que não sai de um grupo político ou de um partido político, ele não tem isso. Quando se tem, você se fortalece com o partido, com as organizações, e às vezes você tem condições de ser mais forte em relação a certas questões.  O “Jornal da Cidade”, por exemplo, ajuda a nortear a política de Bauru, mas fantoche o prefeito não é. São coisas que não são totalmente claras, mas as coisas estão dando certo e têm melhorado. 

Muita gente ficou sem água por vários dias em abril e há deficiência no transporte público em alguns setores da cidade. Como você vê o governo em relação às políticas públicas? 

A gente tem problemas na cidade que não dá para colocar na cabeça do Agostinho uma faca e dizer ‘olha, você é responsável por tudo’. Bauru é uma cidade que tem investimentos, já teve melhorias, tem investimento em políticas públicas para manter o básico funcionando. Por exemplo, o caso do DAE (Departamento de Água e Esgoto). Houve sucateamento, a cidade cresceu muito rápido e não teve investimento em redes de água e esgoto. O custo da água em Bauru é muito baixo, quem vem de fora sabe. A cidade cresceu, o Rio Batalha secou, os poços tinham que ser perfurados e isso não foi sendo feito ao longo do tempo. 
Se há uma crise instaurada, se é premeditada, intencional ou não, eu não sei. Mas é de se questionar uma empresa que era, com todas as dificuldades, administrada de uma maneira melhor, ter cinco administradores diferentes em quatro anos. É uma gestão confusa. O tratamento de esgoto vai custar R$ 120 milhões e há interesses por trás disso. É o novo ouro das empreiteiras. Há quinze anos eram os viadutos, hoje é o saneamento básico, não só em Bauru, mas no Brasil. Essa é uma discussão que temos que ter com o Rodrigo. Por outro lado, há o papel da imprensa. Por que não divulgam? Houve o caso de um homem que foi tomar banho numa fonte de uma praça por estar sem água em casa. Você ouviu no rádio? Todos ficaram sabendo? E esse é um caso muito sério, pode chegar a um colapso. 

Voltando às próximas eleições, em um primeiro momento foram lançadas três candidaturas, a do PSDB, a do PV e a do DEM. A do PSDB já foi cortada, então ficaram a Chiara Ranieri, do DEM, e o Clodoaldo Gazzetta, do PV. Quais são as suas perspectivas? 

Há uma tentativa para não haver vitória no primeiro turno. Se isso acontece, um grupo sai fortalecido. Então há uma tentativa de sobrevivência por parte dos outros grupos. Fazem uma campanha para garantir dois turnos e nesse processo há chance de pessoas se fortalecerem, de se construir lideranças que venham a disputar algum cargo futuramente. Se o Rodrigo Agostinho for reeleito, daqui a quatro anos o quadro terá que mudar, e é aí que está a importância de se consolidar agora. 

Há uma busca por um perfil de candidatos mais jovens em Bauru? 

Isso ocorre, não só em Bauru. Os nossos partidos têm conseguido renovar muito pouco a liderança. Por outro lado, nós temos também um segmento da população que não vota pelo partido, vota pelas pessoas. E tem também os políticos profissionais. Nem sempre renovação significa votar em pessoas jovens, mas sim uma troca. E na Câmara já ocorreu isso. Agora não se escuta tanto o sentimento da renovação, porque falta liderança por parte dos partidos. E então o Rodrigo vem nessa pasta nova, assim como a Chiara, que tem uma herança política familiar, mas que se lançou há pouco tempo. E há também o Gazzetta, que já disputou duas eleições. 
Me assusto quando eu penso que não dá para ficar só no partido que elegeu o Agostinho, mas me assusta ainda mais quando eu vejo essa salada que vai se formar em torno da candidatura dele. E estão escolhendo o lado que for mais forte, tanto que há quem larga o próprio partido para apoiar o Rodrigo. Como que a gente mistura alhos e bugalhos num balaio só? É preciso muita habilidade política para poder governar assim. E o Rodrigo tem toda essa habilidade para dar conta do balaio que ele formou. 

E quanto ao papel da mulher na política, houve melhora nas condições de atuação? 

Eu fui a primeira mulher no poder em Bauru, foi aquele momento em que a gente tinha que aprender a conviver com os homens. Nós criamos dois comitês, um pela mulher trabalhadora e outro pelo direito ao voto. E a situação está muito ruim, não avança. Depois de mim, teve outra vereadora e agora tem a Chiara. Quer dizer, de 1992 até agora nós tivemos a participação de três mulheres na Câmara. E dentro dos partidos cada vez mais a gente tem um refluxo no número de mulheres. Mesmo que haja um bom número disputando a eleição, elas não têm chance de se eleger. 
Por mais que a gente tenha esse movimento, no Brasil inteiro isso avançou muito pouco. Apenas 12% do Parlamento, 9% no Legislativo e tudo isso com a presidente Dilma Rousseff. Então ainda está muito ruim a nossa participação e muitas mulheres não têm força política em movimentos ou no partido, e assim você não tem como ter voto. E a mulher já tem um descrédito na política, desde a Constituição histórica do Vargas. 
E isso porque há uma cota de mulheres por partido, imagina se não houvesse essa cota. Ainda é muito pequeno o número de partidos que busca no dia-a-dia incentivar a participação feminina. Mas o programa eleitoral é masculino, não tem financiamento para a mulher, e os partidos não compreendem a importância disso, a sociedade não compreende. 

Maria José “Majô” Jandreice, 59 anos, ex-vereadora e ex-secretária da 
Educação de Bauru e atual presidente do PCdoB regional. 

21 de maio de 2012

Conheça a Universidade Autônoma do México

Da Redação SICOM PET,
por Gerardo Martínez - estudante intercambista da Universidad Nacional Autónoma de México

Começa com um sonho e termina em uma plena. Ingressar no Ensino Superior proporciona várias emoções juntas: medo, alegria, preocupações e muitas dúvidas sobre o futuro. Conhecer uma boa universidade é o que muitos estudantes procuram. No México, a qualidade de ensino é representada pela Universidad Autónoma de México, a UNAM. 

Com mais de 450 anos de existência, é uma das universidades mais antigas da América juntamente com a de Santo Domingo, na República Dominicana, e Lima, no Peru. Sua comunidade é de mais de 350 milhões de estudantes. Conta com duas modalidades de ensino no colegial, a Escola Nacional Preparatória e o Colégio de Ciências e Humanidades, 82 diferentes cursos de Licenciatura ou ensino superior e um sistema de pós-graduação com 84 programas de mestrado e doutorado, além de 49 cursos de especialização. 

A Universidade Nacional Autônoma do México é uma Instituição que responde ao presente e tem visão para o futuro como o projeto cultural mais importante do país. A universidade está comprometida com a formação das novas gerações de mexicanos, proporcionando-lhes um ensino de qualidade capaz de orientar os rumos do México. A UNAM é responsável por 50% das pesquisas no México, seu trabalho editorial a torna uma das principais instituições difusoras da cultura escrita. Está presente em 24 estados da República Mexicana e em três cidades nos Estados Unidos, além de Ottawa, no Canadá. Conta ainda com os Sistemas de Informática e de Bibliotecas mais importantes no México e da América Latina. 

A UNAM é uma das universidades mais importantes do mundo e com reconhecimento na America Latina. Sua história está ligada à formação acadêmica de milhões de alunos. Com certeza, fazer parte dessa Universidade transforma os estudantes em seres mais humanos. A UNAM, sem dúvida, faz com que o México e seus universitários sejam outros.

19 de maio de 2012

Atividades criativas fazem parte da programação do FIAA 2012

Da Redação SICOM PET, 
por Gabriela Ferri

Já ouviu falar em Economia Criativa? Essa nova forma de se fazer economia tem como criatividade, imaginação e a inovação pontos cruciais para desenvolver novos modelos de negócios. O FIAA (Fórum Ibero-Americano de Áudio Visual e Arranjos Produtivos) 2012 tenta pela primeira vez apresentar ao público de Bauru e região como ser produtivo e fazer parte dessa nova Economia.


Durante a semana do fórum em meio a palestras e mesas redondas também serão oferecidas atividades criativas. No dia 29 de maio às 14hs os inscritos no evento poderão participar da oficina “Incubadora de Cooperativas Populares (INCOP) e a Economia Solidária”.


O dia 30 será composto por um workshop que acontece das 9hs às 17hs. Com o objetivo de localizar a importância da Incubação, e apontar características e eixos estruturantes para o trabalho de planejar e preparar o nascimento e desenvolvimento de um projeto.

O último dia das atividades é marcado por um bate-papo criativo que terá inicio às 14hs. Mediado pelo grupo NeoCriativa (Núcleo de Estudos e Observação em Economia Criativa) a conversa abrirá espaço para discussão desse novo tema e como ele se insere na cidade de Bauru.

As inscrições para o FIAA podem ser feitas até dia 28 de maio pelo site http://fiaaudiovisual.blogspot.com.br/ e na sala PET.

18 de maio de 2012

FIAA - Perfil Coletivo Digital (Wilken Sanches)


O FIAA - Fórum Ibero-Americano de Audiovisual está chegando à Unesp Bauru com atividades entre os dias  28 de maio à primeiro de junho - você deve estar sabendo. Lá pelo último dia, um dos convidados de expressão que compõe a mesa de "Relatos de Experiência: políticas públicas de produção de conteúdo adotadas no Brasil" é Wilken Sanches, diretor geral do Coletivo Digital - Associação para a Democratização e Acesso à Sociedade da Informação. Para quebrar o seu galho vamos apresentar o trabalho do coletivo para você.

Coletivo Digital: 
- Uma ONG criada em 2004 com o intuito de potencializar a inclusão digital de seus integrantes e colaboradores.

Projetos: 
- implementação de telecentros; desenvolvimento e manutenção de portais de notícias e material de apoio sobre projetos de inclusão digital sob licenças de uso livres; 


- formação de entidades e de pessoas físicas interessadas no uso de Software Livre. Exemplo: Projeto Pontão de Cultura - contemplado pelo Ministério da Cultura, o coletivo promoveu a formação de cerca de 150 colaboradores nas áreas de edição de imagens, áudio e vídeo.

- colaboração em projetos de educação a distância utilizando-se da internet como ferramenta de comunicação e aprendizado;

- promoção e realização de debates e eventos tratando de questões como a importância de repensar as leis de propriedade intelectual e o uso de Software Livre na democratização do conhecimento. Exemplos: Campus Party 2010 e realização de um dia de oficinas no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

Todas as informações acima estão no site do Coletivo Digital, que trabalha inteiro sob a chancela de livre compartilhamento Creative Commons 3.0.

E não custa reforçar... Wilken Sanches, diretor do Coletivo Digital, estará presente no FIAA no dia primeiro de junho. Não perca!


COMPARTILHE

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favoritos Mais