via iG São Paulo
Os recursos do Ginga, software que permite a interatividade na TV
digital brasileira, ainda são pouco adotados por emissoras de TV de todo
o País, de acordo com debate sobre o assunto durante a Campus Party
Brasil 2012. Segundo Valdecir Becker, doutor em TV digital e CEO da
produtora Saci Filmes, as emissoras de TV até agora adotaram apenas 20%
dos recursos de interatividade que o Ginga oferece.
O Ginga é uma camada de software que pode ser embarcada em
televisores e set-top boxes com conversor de TV digital. Por meio do
sistema, é possível interagir com a emissora, por exemplo, participar de
enquetes durante jogos de futebol.
A plataforma, em sua versão atual, também permite que o usuário
instale aplicativos desenvolvidos em Java na TV – eles podem ser
relacionados ao conteúdo da emissora ou para acessar serviços de
terceiros, como redes sociais.
De acordo com André Barbosa, conselheiro do Sistema Brasileiro de TV
Digital e gerente de suporte da Empresa Brasil de Comunicações (EBC), a
base instalada de 65 milhões de TVs em todo o Brasil tem grande
potencial com o Ginga. “Se já existe uma rede que pode ser interativa
podemos levar serviços públicos, como marcação de consultas e consulta a
bancos de dados do governo, para as TVs”, disse Barbosa, durante o
debate.
Barbosa defende que, em vez de esperar que as emissoras de TV
comerciais adotem o Ginga completo, o governo deve tomar a frente e
começar a usar o Ginga para serviços públicos por meio da rede de TV
Digital Pública. Com isso, os telespectadores teriam acesso aos recursos
e, no futuro, as TVs comerciais podem começar a oferecer mais recursos
da plataforma. “Já há um consenso no governo que a adoção do Ginga tem
que começar pela TV Pública”, disse Barbosa.
A falta de interesse das emissoras de TV comerciais em adotar o
Ginga, segundo Becker, tem a ver com a possível concorrência dos
conteúdos multimídia com a programação e comerciais. “Como o usuário
poderá acessar conteúdo interativo enquanto a emissora exibe os
comerciais, fica mais difícil justificar o investimento do anunciante”,
diz Becker.
Para Barbosa, é preciso criar um novo modelo de negócio para as
emissoras, que inclua a interatividade. “É preciso encontrar uma forma
que permita que os dois modelos convivam”, disse o executivo que deve
cuidar do projeto de operador de rede da TV Digital Pública. Ela será
responsável por coordenar dos projetos de interatividade na TV Cultura,
TV Educação, TV Câmera, entre outros canais do governo.
TVs conectadas e aplicativos
No debate, os palestrantes defenderam que o Ginga pode ser
complementar às TVs que possuem plataformas de software que suportam
conexão com a internet. “Se você perguntar para nós, produtores de
conteúdo, qual plataforma preferimos, vamos dizer que queremos as duas”,
disse Becker durante o debate. Desenvolvedores de aplicativos terão que
escrever código várias vezes para oferecer conteúdo no Ginga e nas TVs
conectadas de várias fabricantes (que são incompatíveis entre si).
Assim como nas TVs conectadas, os desenvolvedores poderão criar
aplicativos para smartphones e tablets que ofereçam conteúdo
complementar para os telespectadores que possuem TVs com suporte ao
Ginga. “Mais de 76% dos telespectadores acessam algum conteúdo no
celular enquanto veem TV, é o que chamamos de segunda tela”, diz Becker.
Estes aplicativos podem transformar o smartphone, por exemplo, em um
joystick para jogos ou em um teclado para digitar um termo de busca.
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